Relatório de exportação com números robustos não garantiu ganhos.
Em uma semana sem novidades significativas no campo dos fundamentos, restava sobre o relatório semanal de registros de exportação a esperança de combustível para novas altas. Os números do USDA vieram bem acima do esperado pelos analistas, mas como o mercado nada tem de racional, desta vez foi o setor financeiro que neutralizou os números da demanda.
Desde a virada do ano, quando os investidores voltaram aos negócios com muito apetite após o risco de abismo fiscal nos EUA ter sido empurrado com a barriga, os índices do setor financeiro norte-americano ganharam fôlego para marcar uma longa sequência de quebra de máximas. Agora, olhando os gráficos, fica claro que a pedra no sapato para o S&P500 é a linha dos mil e quinhentos pontos, assim como para o Dow Jones o desafio é a marca dos 14 mil pontos.
Com a correção do setor acionário, as perdas para a soja foram minimizadas pela demanda aquecida em ano de estoques minguados. Na manhã de hoje, o USDA anunciou que as vendas de soja para o exterior na semana encerada em 31 de janeiro ficaram em 1,67 milhão de toneladas, sendo 896,2 mil toneladas de produto da safra 2012/13 e 771 mil do ciclo 2013/14. O resultado ficou bem acima do esperado pelo mercado, que apostava em algo entre 800 mil e 1,3 milhão de toneladas.
Por isso o país deve estar lamentado as sacas roubadas pela seca no Meio-Oeste. Afinal, das 36,6 milhões de toneladas de soja da safra 2013/13 projetadas para as exportações para este ano comercial, 34,2 milhões, ou 93%, já estão comprometidas. No caso do óleo o volume já chega a 93,8% do total. E o farelo tem 90,5% do total estimado já negociado. Não custa lembrar que para os dois derivados da soja, diferentemente do grão, o ano comercial termina em setembro. Mesmo assim o cenário não deixa de ser muito apertado.
Tecnicamente, o contrato maio/13 do grão respeitou um importante suporte. Depois de bater na mínima de US$ 14,68, a posição recuperou fôlego para ficar acima de US$ 14,72, que é onde passa uma linha de suporte traçada a partir das mínimas da segunda semana de janeiro. Para amanhã, fica a expectativa sobre o relatório mensal de oferta e demanda. Será que o USDA vai mexer no quadro de exportações dos EUA?
Por Heitor Hayashi